O diagnóstico do TDA - déficit de atenção isolado - ou TDAH - déficit de atenção + hiperatividade/impulsividade, em crianças, é um processo que envolve três tipos de agentes (família, escola e o médico) em três fases distintas.
Primeiro, o diagnóstico passa pela fase de cogitação. Nesse momento, surgem as constatações, normalmente da família e amigos ou da escola, de que algo não vai bem com o comportamento da criança. Todavia, embora comportamentos incomuns sejam observados, não há uma clareza quanto a o seu perfil. Infelizmente, para a maioria das crianças com TDAH, o diagnóstico nunca passará desta fase, devido, principalmente, à falta de informação na família, e à falta de formação especializada dos profissionais da escola.
Em segundo lugar, passa-se à fase de pré-diagnóstico, ou observação dirigida. Esta é sem dúvida a mais importante das três. É nela que os comportamentos incomuns, manifestados na criança, são traduzidos em um provável indício de TDAH. Essa fase tem como agente principal a figura da professora. Como os sintomas da desatenção e da hiperatividade são melhor observáveis em sala de aula que em casa, a professora deve conversar com outros profisionais, psicólogos e psicopedagogos, preencher formulários de observação do TDAH e em caso indicativo, juntar-se aos responsáveis familiares para a coleta de mais informações e estabelecimento do diálogo de psicoeducação. Este trabalho deve ocorrer, idealmente, supervisionado por uma equipe multimodal de profissionais. Todavia, uma aspecto muito importante é que professores e psicólogos não podem realizar diagnóstico, o que não é ético e nem preciso. Por isso, é vital que o professor não diagnostique o aluno e jamais emita julgamentos do tipo "essa criança é TDA" ou "seu filho é hiperativo".
A terceira e última fase é a do diagnóstico médico. Normalmente, esta fase só chega a ser atingida, após as duas primeiras. Todavia, há os casos, que figuram como excessões, de pais que, ao primeiro sinal de comportamentos incomuns em seus filhos, procuram a ajuda do médico psiquiátra ou neurologista. Em termos ideais, o trabalho de pré-diagnóstico realizado na segunda fase, atravé dos formulários, deve ser encaminhado, juntamente com um relatório feito pela professora, psicopedagoga ou psicóloga, ao médico. Isso facilitará o diagnóstico final e evitará diagnósticos equivocados.
Não são raros os casos de crianças que passaram por vários profissionais e obtiveram diagnósticos equivocados. Neste sentido, enfatiza-se aqui dois pontos centrais. Primeiro, a importância do pré-diagnóstico em sala de aula, executado pela professora. Segundo, a importância de que o médico, além de especialista em psiquiatria ou neurologia, seja especializado em TDAH.
Como não exite ainda um curso de especialização médica em TDAH, a única coisa que pode comprovar a habilidade do profissional com este transtorno é o seu currículo, que deve estar disponibilizado no
Site do Currículo Lattes.
Participação periódica em eventos como congressos e simpósios sobre o TDAH, publicação de artigos científicos sobre o TDAH, autoria de livros ou capítulos e manuais sobre o TDAH, ministração de cursos e palestras sobre o TDAH são alguns dos elementos que podem ser observados no currículo do médico para comprovação de seu interesse e habilidade na investigação e no tratamento do Transtono do Déficit de Atenção e Hiperatividade.
Os formulários para observação do TDAH infantil em sala de aula serão disponibilizados no menu matérias e artigos, em breve.
Um abraço a todos e sucesso no enfrentamento do TDAH em seus alunos e filhos!
Prof. Sean Mardem